sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

De volta!

Sabem que não sou pessoa de balanços porque a vida é contínua e não se suspende para avaliação como num livro de registos, mas após a ausência de um ano e retornar à “minha” Angola, a mão resvalou para o teclado e endereço do blog e apeteceu-me escrever umas linhas sobre isso. Que liberdade ter uma página onde apenas se escreve quando se quer e que muito pouca gente lê... mas que nos eterniza, de algum modo.

Não me identifiquei com o meu país governado por atrasados para o que lhes interessa e futurologistas a calcular o quanto lhes vai render determinada decisão nos faustosos bolsos sem qualquer afinidade ou conhecimento do que seja a res publica, pardon my portuguese! Não me identifiquei com a generalidade dos portugueses que adoram o (en)fado da choradeira diária e do activo "complicómetro" de país europeu cheio de privilégios que nunca chegam porque os Luxemburgo tem melhor ordenado mínimo; não me identifiquei com o que acham verdadeiramente importante e prioritário, quando o essencial lhes passa completamente ao lado, invisível até aos olhos da alma.

Decidi voltar ao lugar de onde nunca devia ter saído. Tive umas saudades imensas deste abraço caloroso do clima de cá, da pessoalidade a que os outros nos habituam ao saudar-nos na rua só porque sim, às saídas sem casacos e com chuvas quentes de surpresa por um minuto que seja, ao rebuliço do trânsito e das gentes, das frenéticas obras que nunca acabam, das músicas nas alturas que fazem o pé de chumbo do soldado mais empedernido, dançar... 

Luanda está mais vazia e ainda, para mim, mais apetecível (já me leram antes e sabem que de um modo geral não gosto de pessoas) mas a comoção e o burburinho continuo  a senti-los, cá dentro, com a mesma intensidade de outrora. Luanda perdeu em obras a começar, em carros e filas, em dólares nos bancos, em ritmo económico alucinante, mas nunca chegou a perder a vivacidade e alma próprias que me preenchem e que me fazem retornar sempre... como um amor mal resolvido que resiste ao tempo e aos arrufos, em que ambas as partes sabem que vão acabar nos braços uma da outra.

Cada vez gosto mais de regressar a estes braços que me envolvem numa tropicalidade musicada de vida que faz com que os anos pareçam dias e que apenas o que nos envelhece sejam os raios de sol.

A "minha" Luanda continua a kuiar... e muito!

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O Essencial

Estamos sempre a arranjar desculpas para que o essencial - viver, simples e intensamente -  não seja o que mais nos ocupe e preocupe. Sentimo-nos melhor com as manobras de diversão e os expedientes dilatórios a que chamamos rotina e hábitos das nossas vidas. Poucos encaram bem a mudança e quando ocorre, tem de reunir tantas condições como as que temos na situação em que estamos, para que não sintamos, para que não nos apercebamos, para que nem sequer pensemos... na volatilidade do que é material, na inflexibilidade do tempo e mortalidade das pessoas e das coisas, no que o hoje é que em nada pode parecer-se com amanhã.
 
Porque toda esta comoção é assustadora, tendemos a agarrar-nos, ainda que seja apenas pelo dedo mindinho, ao que conhecemos, ao confortável, ao expectável, para que assim sintamos que estamos sempre à altura destes desafios, que na verdade não o são, quando esta nossa capacidade de adaptação é meramente deixar de caminhar pelo lado esquerdo do passeio e passar a fazê-lo pelo direito, mas nunca mais perto da estrada.
 
Aos que não desenvolvem a inteligência emocional - que, ao contrário do que se apregoa nada tem a ver com a extrema contracção das emoções em prole de uma paz pessoal, profissional e social podre em que a assertividade (para?) é rainha, mas que será acima de tudo sermos muito próprios e únicos em cada situação, em cada confronto, em cada começo, sendo igualmente felizes com o que nos rodeia – este é o paradigma de vida ideal. O do marasmo, do falso previsível, o do desvalorizar porque corriqueiro e banal, da segurança fantasma em que pouco muda e tudo está muito bem assim.
 
Quem me conhece, ao ler estas palavras, imediatamente relaciona a antítese das mesmas com o que sou, como vivo e como trato o que me rodeia. Numa nova etapa e num novo começo, há que despir a ditadura do carinho e alento imediatistas do que já se sabe, dos que conhecemos, dos que gostam de nós... interessa vestir a essencial simplicidade das novas conquistas, do aceitar o novo e entranhar, da capacidade ilimitada de aprender e surpreender connosco e com os outros novos com quem nos cruzamos. Parece-me tão essencial como respirar. Conheço tanta gente tão moribunda...

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A distância do sentir

Para quem ainda tem a pachorra de me ler quando publico um post, aviso desde já que espantar-se-ão com a mundanidade do texto, que não é meu apanágio. Mas verão que tudo se conjuga e tende à sentimentalidade que caracteriza os textos anteriores.
 
Não gosto de pessoas esquisitas, ponto final!  Das que têm a mania que não existem como seres humanizados, apenas humanos, presos a conceitos padronizados de como estar e, pior, ser, como se os houvesse...Gosto das que, para mim, são normais com toda a subjectividade que o conceito possa acarretar.

Não gosto de pessoas que não abraçam quando podem, que não beijam quando têm vontade, que não dizem o quanto gostam quando duvidamos. Daquelas que dão a "moedinha" ao arrumador mas não sem a moral "vê lá se não gastas tudo em vinho ou na droga, pah" como se meia dúzia de euros por dia desse para alguma dose de algo a não ser vinho carrascão de marca branca...Esquisito, não?
 
Não gosto de pessoas que, nas redes sociais, apenas postam artigos económicos, curiosidades científicas, coisas finas de se saber por uma rede social(?). Pergunto-me desde logo de que têm medo... se não querem exposição fiquem-se pelo Expresso em papel, pois quem quiser comprar também lê toda essa cultura do imediato que amanhã ninguém se lembra. Mas também não gosto das que apenas publicam frases em português duvidoso ou do divino ("quantas curtições vale este desgraçadinho só com orelhas e nariz"?...), infinitas receitas da Bimby, que têm foto de perfil "a dois", das que tenho dificuldade em perceber de quem é o perfil, se delas se dos filhos, pelas fotos... embora duvide da destreza para teclar de uma criança de 2 anos.
Onde está a nossa individualidade como únicos, especiais, e que nestas pessoas se esconde atrás de algo ou alguém? É esquisito, no mínimo.
 
Não gosto de pessoas demasiado cultas que não vejam bons filmes portugueses com vernáculo desaconselhável a maiores de 40 anos e não entendam as piadas que se decoram, apenas se ficam pelos do Fantasporto, dos Óscares, das Curtas de Vila do Conde, ou quiça, mudos, apenas inteligíveis por este tipo de pessoas digamos... cultas! Que pena não entenderem o alívio brejeiro e imediato de um bom palavrão ou de uma anedota picante, regada com uma golada de panaché logo de seguida. Diria, esquisito, ninguém é tão culto assim.
 
Mas para mim, as piores são as distantes que estão ao nosso lado e que transmitem a sensação de que gostariam de estar em qualquer lado menos ali... que não nos tocam, não nos afagam, não nos pegam nas mãos e com o olhar dizem aquilo que as palavras não conseguem. Daquelas que são sempre solteiras nas redes sociais apesar de terem relacionamentos de anos, porque a ideia é que se está sempre disponível sem estar, ou que nunca postam fotos com o/a companheiro/a nem "likes/comments" fazem ao perfil do outro, mas ainda estão, não se sabe é onde... Querem mais esquisito que isto em adultos, independentes e donos de si, que se alegam tão maduros que nem a decisão de querer estar naquele momento conseguem assumir?

Gosto de pessoas normais, admito, das que não são esquisitas e sabem o que querem ainda que num determinado e específico devir. Não há pior distância que a do sentir, do desapego, do abandono emocional... acho esquisito, pronto!
 
 
 

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Os começos, sempre os começos...

Se há algo que tenho feito na minha vida é começar de novo, voluntaria e frequentemente... um novo livro, um novo projecto ou desafio, um novo lar, uma nova amizade, uma nova paixão.
 
Embora curtos, os meus percursos fazem-se a passos firmes, de uma intensidade que só os começos conseguem proporcionar. Sei que por onde passei, deixei a minha mensagem gravada na árvore, recordações na mente dos que me acompanharam a breve trecho e no coração daqueles que amei e puderem, ainda que num lapso, retribuir-me.
 
Poder-se-ia pensar que vivo numa autêntica manta retalhada de memórias com pontas soltas, "algos" que ficaram por dizer, percursos inacabados, situações por resolver... mas a minha nítida sensação é precisamente a contrária. Que, a cada fase que acaba e inicia-se outra, nada fica por fazer ou dizer porque o momento foi o certo, o oportuno e não poderia ser antes nem poderá ser depois.
 
Não tenho uma, tenho várias famílias especiais e cheias de particularidades conforme as geografias onde as deixei; não tenho raízes profundas, mas sim jardins que deixo ao cuidado de quem quer perpetuar a minha presença; não tenho lembranças, mas as mais belas memórias com uma banda sonora de estridentes risadas e músicas que embalam momentos inesquecíveis sem necessidade de selfies ou foto de grupo pois não há melhor câmara que a da minha retina que grava directamente na alma as imagens destes bons momentos.
 
Que os começos se perpetuem na minha vida, ainda que nos mesmos lugares, com as mesmas pessoas, mas novas e intensas memórias. Não saberia nem quereria viver de outro modo...
 
 
*Este post dedico-o á minha "equipa maravilha" de Luanda 2009-2013

domingo, 10 de agosto de 2014

A Escola do Futuro

Em casa...

- Mãe, já me preparaste o lanche? Estou atrasada para a escola...
 
- Sim, filha, ontem á noite carreguei o teu porta moedas electrónico com a mesada; inclusive confirmei a tua autorização no cartão da escola para saires mais cedo hoje e ires ao teu recital de dança. Ah, confirmei igualmente por e-mail a carrinha para ir buscar-te.
 
- Obrigada, mãe, depois mando-te sms para saber como está a correr o teu dia. Beijinhos e até logo.
 
Já na escola...
 
- Bom dia, alunos, abram e iniciem os vossos PC's, visto serem o primeiro tempo da manhã, e peço que acedam ao directório do vosso número de aluno, ano e respectiva turma. Rápido por favor...
 
- Professora, não tenho net, não consigo aceder...
 
- Ligaste a VPN?
 
- Desculpe, tem razão... já consegui.
 
- Óptimo, então criem um ficheiro cujo nome tem que conter a disciplina e o dia, como habitual. Agora nesse ficheiro do Word registem o Sumário da aula e tirem os vossos apontamentos. No final da aula, passem para PDF e arquivem. Aproveito para vos dizer que o teste é para a semana e será disponibilizado o link para o fazerem á hora marcada e, como já sabem, a vossa classificação ser-vos-á enviada para o endereço de e-mail da escola, até ao final desse dia.
Vejam bem o material publicado on line que irá sair no teste e simulem os exames que estão no portal do vosso ano. Utilizem o professor on line para tirar dúvidas, é para isso que ele lá está mas não se esqueça de enviar e-mail a confirmar o horário que estará disponível para atender-vos.
Vou então iniciar a apresentar da aula e material de hoje. Acabei de enviar o link por e-mail. Coloquem os vossos phones e até ao final da apresentação não quero ouvir barulho ou conversas, lá atrás.

Cinquenta minutos depois...

- Bem, espero que tenham aproveitado a aula de...

- Professora?

- Por favor não me interrompa e qualquer questão, envie-me por mail, já sabe como funciona. Como ia dizendo...

- Mas Professora...

- 1564 já lhe pedi para enviar um e-mail, não temos mais tempo nesta aula, ouviram o toque! Bem, até amanhã, alunos.

- (1564 cabisbaixo) Vou enviar-lhe então um e-mail a desejar-lhe parabéns e feliz aniversário...

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Ainda... a liberdade!

Sempre fui de guardar recordações de tudo, como se pretendesse prender os momentos e as sensações em pedaços de papel, em pequenos objectos… num mundo tão fugaz, pensava que assim o ADN da emoção ficasse gravado para sempre e ao alcance de um reviver constante.
 
Os meus primeiros totós do cabelo, um guardanapo de um sítio onde nunca tinha ido, bilhetes das amigas quando ainda não havia os sms, as imensas cartas da minha penfriend finlandesa durante 5 anos… caixas e caixas repletas de pedaços datados da minha história, num puzzle que apenas eu sabia como encaixar. Era a pessoa das listas e das agendas, das folhas de Excel com as inúmeras probabilidades possíveis reduzidas a apenas uma, aquela que eu tinha quase a certeza que seria a que se iria verificar.
 
Todas as expectativas quanto ás pessoas com que me cruzava eram sobrevalorizadas, exponenciadas, como se de únicas e raras se tratassem. O peso da ansiedade e das desilusões era um fardo duro de carregar, a que se juntavam mais uns quilos do “eu já sabia que ia ser assim".
 
Não poderia estar mais iludida quanto ao conforto que dá a certeza das coisas… A vida trata de pôr tudo no lugar a que pertence, por muito que alteremos a ordem e o lugar das coisas, vezes sem conta. Como uma esponja, por muito que se aperte, ao largar da mão, volta imediatamente á sua forma inicial. Percebi que é impossível manter a mão - e a minha mente - sempre fechada, o controlo… o esforço era esgotante.
 
Abri, finalmente, mão das certezas. Sinto-me livre de pedaços condicionantes, de emoções congeladas, de sensações esbatidas. Já não guardo quase nada, tudo tem a sua função em determinado momento e esgota-se com a finalidade cumprida. A nossa mente não é um poço sem fundo, precisa de destruir o que é velho para acondicionar o que de bom ou mau o novo nos traz. Deve ser mantida aberta a tudo e presa a nada, como se de um bom “Alzheimer” se tratasse e a cada dia tudo seria novo, revivido com a emoção da primeira vez e não como uma recordação do dia anterior.
 
Cada evento é um mundo de infinitas possibilidades que não cabem numa folha de Excel, cada um é apenas aquilo que é e, finalmente, tornei-me no que sempre queria ter sido. Não quero nada que perdure mais do que deveria ou do que eu gostaria. É um fardo muito menos pesado...
 
Á minha mentora de coaching, I.F.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Telhado de Palha

Ela era pequenina mas vivia numa casa grande, faustosa, com sólidas fundações e revestida de pedra. Era a sua fortaleza, o seu mundo impenetrável, pensava ela... mas as fundações ruíram com a tempestade inesperada e o que ela achava que nunca mudaria, rapidamente se transformou em mero amontoado de pedras e cacos de recordações que já nem faziam sentido.
 
Ela cresceu e, novamente, construiu e ergueu a sua casa com as fundações do conhecimento e da união, de madeira sólida e envernizada... o seu refúgio. Por alguns momentos, sentiu novamente a constância e a protecção que durante tanto tempo ansiou reencontrar.
 
Mas a madeira não resistiu a mais uma investida da tempestade e rapidamente a casa transformou-se num mikado de ilusões, projectos e expectativas.
 
Sentia-se cansada de reconstruções mas não de recomeçares. Assim, despediu-se de tudo o que tinha conhecido, despojou-se de tudo o que dela tinha feito parte e aprendeu a viver a olhar para o céu e adivinhar a tempestade.
 
Nunca mais ela quis casas de pedra nem de madeira porque a vida não é imutável, e tal como a terra, move-se milímetros por dia, imperceptível, mas o suficiente para abalar qualquer suposta sólida fundação. Agora apenas quer casas de palha, que possa transportar consigo para onde quer que esteja, sem grandes fundações que não possam ser recolhidas de cada vez que se aproximar uma tempestade. A sua casa será sempre onde estiver.
 
Não quer mais nada tão sólido que não possa ser carregado e reerguido; não quer mais laços que sejam tão apertados que não possam, a qualquer momento, ser desatados.
 
Sente-se finalmente livre, sem a ilusão da protecção que quatro paredes e um futuro aparentemente previsível pareciam proporcionar. Cada vez que chove, abriga-se com o seu telhado de palha; assim que abre o sol, recolhe-o, e faz questão de sentir na pele o calor que lhe proporciona. A tempestade que possa surgir já não a assusta...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Vai bugiar!

Caro País,
 
Vai bugiar!!!
Mas antes faz-me um favor: deixa de arranjar incidentes diplomáticos com aquele outro país irmão, como tens feito, e fecha os olhinhos áquilo que chamas transacções obscuras de cidadãos de lá oriundos e que passam por aí. É que sabes, como não quiseste os meus préstimos depois do meu esforço de um curso superior suado e pago por mim, esse outro país alimenta-me e a mais 200 mil cidadãos como eu.
Vá lá tu consegues, até porque o fizeste muito bem quanto ao BPN inúmeras vezes e ao extinto BP, em que pessoas honestas e trabalhadoras ficaram sem o dinheiro dos seus depósitos para que os gestores de meia tigela pudessem brincar aos bancos... fazes como fizeste com os milhões gastos em submarinos que, misteriosamente, desapareceram em alto mar (vá, eu sei que o oceano é muito vasto, é natural não saberem deles), fundações e institutos públicos que apoias financeiramente e que são mais que as mães deles, ou ainda melhor, com os afamados contratos Swap tão danosos para a res publica e que ninguém é tido como responsável nem daí advirão quaisquer consequências para quem os celebrou. Também nem se sabe bem quem foi, torna-se difícil atribuir o que for a quem for…
Como podes constatar, até já tens experiência nestas situações e tenho lido que agora roubas velhos pensionistas e funcionários públicos… desculpa, isso não é roubar? Então que nome dás a isso? É que não estou a ver outro, pois os gestores milionários de empresas públicas insustentáveis e geridas (mal) á custa do dinheiro que se paga por serviços de hotel 5 estrelas e tem-se uma prestação de motel de estrada nacional (daqueles com direito a garagem para esconder o carro, vá!), continuam intocáveis nos seus ordenados e pensões milionárias.
Já agora, aquela questão das licenciaturas em 24 horas (que nem on line se conseguia tão rápido) e diplomadas ao Domingo, estão sanadas? Como ficou a idoneidade e moral desses cidadãos que, por mero caso, fizeram parte do aparelho de Estado? Tens que ter cuidado com essas coisas, fica-te mal deixar passa-las e julgar a idoneidade e moral de outros.
Não ouvi bem, falaste em corrupção, branqueamento de capitais naquele outro país? Mas espera… então e aquelas empresas, cujo único cliente é o Estado que, por melhores que sejam intelectualmente as suas equipas, levam couro e cabelo pelos serviços que prestam? Aqueles tais consultores, geniais, a julgar pelos valores facturados. E contas offshore? É que ainda ninguém percebeu se os banqueiros e afins podem ter ou não… na dúvida, eles lá vão tendo!
Olha por falar nisso, será que eu, como cidadã contribuinte, posso ter acesso à factura do fio dental e vestido leopardo que um determinado maestro, que dirigiu a Casa da Música, pago por mim e pelos outros contribuintes, que habita numa casa com piscina mas que, coitadinho, vive da reforma e não pode devolver os valores que como perdulário que é, igual a tantos outros, gastou indevidamente? Era só mesmo por curiosidade…
Quando puderes, faz-me também o seguinte favor: arranja-me um “tacho” como secretária de um adjunto de assistente de ministro, a ganhar 3.000€ por mês. Oh pá, fazia cá um jeito…
Saí daí porque estava farta de ser “lixada” por ti e agora, até mesmo longe, tentas “lixar-me” na mesma, deitando por terra boas relações entre dois países que tanto custaram a (re)construir.
Acho que não estou a pedir muito e, então depois disto tudo, podes ir BUGIAR, que eu deixo!
Assinado,
Uma descontente emigrante mista (daquelas que emigraram (i) voluntariamente, (ii) porque pretendia ter uma vida decente e ser independente e, por fim, (iii) porque me mandaste).
PS – Este texto foi escrito ao abrigo (não da porcaria do AO que me impuseste e que não aceito) da liberdade de expressão que reina aí mas não no outro país (parece que é verdade…). Mas sabes, a liberdade de expressão não alimenta barrigas e é vã quando ninguém liga ao que dizemos e torna-se cronicamente surdo. Mais vale nem poder falar, porque o resultado é exactamente o mesmo e tem-se muito menos trabalho!

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Butterflies...

Não concordo, está dito!
Os senhores da psicologia que me perdoem a audácia mas a experiência precede a teoria a maior parte das vezes e não o contrário, como se possa pensar. Se não, estaremos perante teorias cheias de palavras e vazias de emoções que as comprovem.

Diz-se então, à boca cheia, que se deve fazer o “luto” da perda, que não funciona querer desde logo, "dar o salto" para o futuro menos doloroso... pois bem, funciona!

Quem quiser ficar preso à pior perspectiva de que o tempo nos traga o que precisamos para "dar o salto", que fique! Não espero que o tempo me traga nada que já não esteja dentro de mim, acessível, assim que me dispuser a utilizar esse recurso precioso, a qualquer momento. Recuso o luto numa perspectiva de algo a que tenho que me obrigar a fazer e que tem um tempo determinado para se prolongar, com a promessa dos melhores resultados. O luto é imediato, desde que nos recusemos a continuar algo que nada de bom nos traz e que desejemos dias com o melhor que a vida pode oferecer-nos.

Qual tempo, qual quê... desde quando o tempo confere intensidade seja ao que for? A intensidade vem do que e como sentimos e, essencialmente, queremos sentir. É nosso o poder de escolher a mudança instantânea do que povoa a alma e a domina, em qualquer momento da nossa vida.

Escolhi, essencialmente, que brote o melhor de mim... desde logo! E sinto o que e como quero, com a intensidade que me é inerente em todas as facetas da minha existência.

Não há felicidade que entre por uma porta que insista em estar fechada, nem que espere a espreitar pela janela, que o tempo passe. A chave seremos sempre nós.

And I feel butterflies... a lot of butterflies!!

domingo, 21 de abril de 2013

Esse enorme poder

Há quatro anos atrás, tomei a maior decisão da minha vida: largar tudo o que conhecia há 32 anos e abraçar o desconhecido, o vazio de representações e experiências. Um desafio, convenhamos, de monta!

Tudo parece-nos estranho, naquele início de coisas que não parecem mas depois ficamos a saber o quanto são boas. Desentranhamos toda uma vida e entranhamos outra diferente, nova, uma infinidade de possíveis.

É uma daquelas raras oportunidades de reinventar-nos, sermos quem efectivamente sempre quisemos ser mas que até aí ainda não tínhamos conseguido. Não é fácil a troca de uma vida por outra e a sensação permanente de que já não somos de lá e não sabemos quando seremos de cá ou se o seremos, um dia.

Com o decorrer do tempo, percebemos que tudo é muito ilusório e o que realmente torna-nos no que somos é o que está dentro de nós, muito mais do que onde estamos.

Sei que, mesmo quando já não estiver em Angola, na verdade, Angola estará sempre em mim. Faz parte do que sempre quis ser e não estou disposta a abdicar dessa magnitude.

Afinal, não é todos os dias que temos a possibilidade de reinventar-nos... esse é um enorme poder!