sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Por cá

Angola é assim...não deixa que os laços se consolidem. Parte-os, de propósito, para os unir novamente, logo a seguir.

Por cá, quase ninguém tem amigos; tem conhecidos, colegas, porque afinal se amanhã tivermos que ir embora, para quê investir... mas na verdade, serão estes e não quaisquer outros, que povoarão as nossas memórias, das noites à beira-mar, das viagens a Cabo Ledo, das lagostadas, dos belos dias de praia.

Por cá, quase ninguém tem família mas sim mamãs emprestadas, tias em quantidades consideráveis, bem como amadrinham-se sobrinhos por dá cá aquela palha... e serão mesmo a nossa família enquanto cá estivermos.

Por cá, quase ninguém tem namorado, tem aventuras... noites quentes e longas de amor com o alguém que ainda agora se conheceu. Porém, é este sentimento inebriante que será para sempre relembrado como o mais intenso e eterno enquanto durou. 

Angola insiste, como a força das chuvas, em derrubar muros para, logo depois que brilha o sol, voltar a pôr pedra sobre pedra, mas não necessariamente na mesma ordem. E vive-se, reconstruindo todos os dias mais um pedaço de nós, enquanto o sol brilha. Até às próximas chuvas.

Como cá, e bem, diz-se "fazer mais como, então?"...