Em Angola, há uma diferença abissal entre o dia e a noite.
Quanto ao dia, inicia-se extremamente agitado, tráfego intenso, buzinões muito piores que os da Ponte 25 de Abril com ou sem portagens, ruas desertas porque outras estão apinhadas… um quadro de borrões que dá cor à cidade.
Desenrola-se sob o calor intenso de África, o trânsito flui – caoticamente, mas flui; a vida é extremamente agitada. Um dia em Angola equivale a três europeus e o número de assuntos resolvidos, também...
Desenrola-se sob o calor intenso de África, o trânsito flui – caoticamente, mas flui; a vida é extremamente agitada. Um dia em Angola equivale a três europeus e o número de assuntos resolvidos, também...
“- Mas moça, eu tenho procuração da empresa.
- Dona se quer mesmo resolver a sua maka (problema) vai fazer a declaração na mesma, ainda que diga o mesmo, se não, processo não entra, ya?
- Moça é a 3ª vez que venho aqui para tratar do mesmo assunto e pedem-me sempre documentos diferentes??!!
- Ah, é porqui gostam de ti, né… tem assim esse cabelo… é postiço, dona?”
É nesta altura que começamos a contar até 10.000 e bufar, dando como desculpa o extremo calor que se faz sentir naquela repartição.
Mas a noite… ah, a noite é fabulosa! A cidade passa de cloaca de gente a relaxadamente fantasmagórica. Há imenso estacionamento e imensos assaltantes também, pode-se escolher o tipo mas são quase todos da espécie Assaltantis Non Violentus.
Há algo que a noite em Angola tem e que só cá vive-se… o cheiro a terra laranja, o calor ameno, a humidade que nos beija todos os pedaços de pele descobertos, os cabelos colados ao nosso pescoço e a sensação maravilhosa de os retirar e deixar a brisa refrescar aquela extensão do corpo…
Se me perguntarem qual a parte do dia que mais gosto em Angola, é mesmo da noite…