Já dizia a minha querida avó que, se os conselhos fossem mesmo bons, não se davam… vendiam-se! Não podia concordar mais com ela e foi estranho que alguém tão simples me pudesse transmitir tão magnânima verdade.
Aconselharam-me a ser ponderada,
nunca dizer tudo o que se pensa pois há uma imperiosa necessidade – de quem? –
de se ser politicamente correcto, socialmente. Na verdade, conhecem-me pela
minha honestidade desabrida, pela frontalidade como digo, não tudo o que penso
mas, de certeza, tudo aquilo que penso que devo dizer.
Aconselharam-me, igualmente, a
ficar pela minha zona de conforto, o que eu conheço, o que é meu por usucapião
de sentimentos, porque… é mais seguro. Segui á risca. Embarquei num avião rumo
a Angola, sem conhecer vivalma, levando na mala previsões "nostradramáticas" de
perigos eminentes e insegurança ao virar da esquina. Não paguei excesso de
bagagem mas asseguro-vos que o peso das saudades ultrapassava os quilos
permitidos. Foi tanto como me disseram, que estou por cá há uns anitos e vivo cheia
de medo de virar esquinas, só ando em frente.
No meio de tudo isto, surge a
clássica, então e família? Olha que os anos passam… por isso, aconselharam-me a
“assentar”. Mais uma vez, foi exactamente o que fiz; passo o tempo a viajar,
não devo satisfações a ninguém a não ser que queira dá-las, sou workaholic por definição
e adoro o raio da minha vida, que é tudo aquilo que sempre imaginei que ia ser,
desde tenra idade.
E por fim, depois de várias
acusações de entrega total e suas consequências, que deveria medir melhor,
estudar as pessoas e, depois então, – então o quê? – deveria entregar-me, de
corpo e alma. Nunca desobedecendo, porque gosto imenso de fazer algo que outros
acham o melhor para mim, entrego-me todos os dias ao meu trabalho como se fosse
ser despedida amanhã; ajudo o próximo até ao limite do meu possível, apaixono-me
com a intensidade do sismo mais grave na escala de Richter.
E querem que vos diga algo… estou
a adorar os resultados! Por isso, desculpem-me, mas que se lixem os conselhos!