domingo, 10 de agosto de 2014

A Escola do Futuro

Em casa...

- Mãe, já me preparaste o lanche? Estou atrasada para a escola...
 
- Sim, filha, ontem á noite carreguei o teu porta moedas electrónico com a mesada; inclusive confirmei a tua autorização no cartão da escola para saires mais cedo hoje e ires ao teu recital de dança. Ah, confirmei igualmente por e-mail a carrinha para ir buscar-te.
 
- Obrigada, mãe, depois mando-te sms para saber como está a correr o teu dia. Beijinhos e até logo.
 
Já na escola...
 
- Bom dia, alunos, abram e iniciem os vossos PC's, visto serem o primeiro tempo da manhã, e peço que acedam ao directório do vosso número de aluno, ano e respectiva turma. Rápido por favor...
 
- Professora, não tenho net, não consigo aceder...
 
- Ligaste a VPN?
 
- Desculpe, tem razão... já consegui.
 
- Óptimo, então criem um ficheiro cujo nome tem que conter a disciplina e o dia, como habitual. Agora nesse ficheiro do Word registem o Sumário da aula e tirem os vossos apontamentos. No final da aula, passem para PDF e arquivem. Aproveito para vos dizer que o teste é para a semana e será disponibilizado o link para o fazerem á hora marcada e, como já sabem, a vossa classificação ser-vos-á enviada para o endereço de e-mail da escola, até ao final desse dia.
Vejam bem o material publicado on line que irá sair no teste e simulem os exames que estão no portal do vosso ano. Utilizem o professor on line para tirar dúvidas, é para isso que ele lá está mas não se esqueça de enviar e-mail a confirmar o horário que estará disponível para atender-vos.
Vou então iniciar a apresentar da aula e material de hoje. Acabei de enviar o link por e-mail. Coloquem os vossos phones e até ao final da apresentação não quero ouvir barulho ou conversas, lá atrás.

Cinquenta minutos depois...

- Bem, espero que tenham aproveitado a aula de...

- Professora?

- Por favor não me interrompa e qualquer questão, envie-me por mail, já sabe como funciona. Como ia dizendo...

- Mas Professora...

- 1564 já lhe pedi para enviar um e-mail, não temos mais tempo nesta aula, ouviram o toque! Bem, até amanhã, alunos.

- (1564 cabisbaixo) Vou enviar-lhe então um e-mail a desejar-lhe parabéns e feliz aniversário...

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Ainda... a liberdade!

Sempre fui de guardar recordações de tudo, como se pretendesse prender os momentos e as sensações em pedaços de papel, em pequenos objectos… num mundo tão fugaz, pensava que assim o ADN da emoção ficasse gravado para sempre e ao alcance de um reviver constante.
 
Os meus primeiros totós do cabelo, um guardanapo de um sítio onde nunca tinha ido, bilhetes das amigas quando ainda não havia os sms, as imensas cartas da minha penfriend finlandesa durante 5 anos… caixas e caixas repletas de pedaços datados da minha história, num puzzle que apenas eu sabia como encaixar. Era a pessoa das listas e das agendas, das folhas de Excel com as inúmeras probabilidades possíveis reduzidas a apenas uma, aquela que eu tinha quase a certeza que seria a que se iria verificar.
 
Todas as expectativas quanto ás pessoas com que me cruzava eram sobrevalorizadas, exponenciadas, como se de únicas e raras se tratassem. O peso da ansiedade e das desilusões era um fardo duro de carregar, a que se juntavam mais uns quilos do “eu já sabia que ia ser assim".
 
Não poderia estar mais iludida quanto ao conforto que dá a certeza das coisas… A vida trata de pôr tudo no lugar a que pertence, por muito que alteremos a ordem e o lugar das coisas, vezes sem conta. Como uma esponja, por muito que se aperte, ao largar da mão, volta imediatamente á sua forma inicial. Percebi que é impossível manter a mão - e a minha mente - sempre fechada, o controlo… o esforço era esgotante.
 
Abri, finalmente, mão das certezas. Sinto-me livre de pedaços condicionantes, de emoções congeladas, de sensações esbatidas. Já não guardo quase nada, tudo tem a sua função em determinado momento e esgota-se com a finalidade cumprida. A nossa mente não é um poço sem fundo, precisa de destruir o que é velho para acondicionar o que de bom ou mau o novo nos traz. Deve ser mantida aberta a tudo e presa a nada, como se de um bom “Alzheimer” se tratasse e a cada dia tudo seria novo, revivido com a emoção da primeira vez e não como uma recordação do dia anterior.
 
Cada evento é um mundo de infinitas possibilidades que não cabem numa folha de Excel, cada um é apenas aquilo que é e, finalmente, tornei-me no que sempre queria ter sido. Não quero nada que perdure mais do que deveria ou do que eu gostaria. É um fardo muito menos pesado...
 
Á minha mentora de coaching, I.F.