segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A troca

- Por favor, podes devolver o que é meu?

- Não estou a perceber... já não tenho nada teu!

- Sabes perfeitamente que sim e deixa-te dessas coisas, devolve-me porque já não te faz falta.

- Mas quem és tu para me dizer se faz falta ou não? Eu ainda sei o que são as minhas coisas e as tuas...

As malas jaziam à porta e rapidamente perceberem o quão era estúpido discutirem naquele momento... ele reflectiu e pensou que teria que haver uma saída.

- Está bem - disse ele, tremulamente - vou deixar-te levá-la então, já que insistes. Só não entendo que uso é que possa ter para ti neste momento. Quebraste a tua promessa, não devias ter direito a nada... e sinceramente, se ma levares quase nada me resta...

No íntimo, ela sabia que ele tinha razão, mas tinha sido sua durante tanto tempo e não pretendia abdicar dela... assim... tão gratuitamente. Que raio se passava consigo... afinal não a quis enquanto podia mas cismava que a havia de levar consigo, ponto final!

- Olha, deixo-te as chaves de casa, ficas cá o tempo que quiseres que eu arranjarei outra - propôs ela, com a perfeita noção de clara vantagem.

Ele anuiu e viu-a a pegar nas malas e fechar a porta.

Mero espectador, apercebeu-se que toda aquela conversa tinha sido apenas na sua cabeça, pois a boca não conseguia proferir uma palavra há muitas horas. Ela deixou-lhe as chaves de casa no pratinho do móvel da entrada como fez durante muitos anos e levou-lhe a alma.

A troca, pensava ele, não podia ter sido mais injusta...

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